Ex-presidente da Colômbia diz que teve sinal verde para ação secreta em 2009
A revelação de Uribe é mais um episódio nas acirradas trocas de farpas recentes com o líder venezuelano, acusado pelo ex-presidente colombiano de ser um "covarde que insulta quando está longe e treme pessoalmente". Foi na gestão de Uribe na Presidência da Colômbia, entre 2002 e 2010, que os dois países viveram sua pior crise diplomática devido às acusações de Bogotá de que Chávez fazia vistas grossas à ação das Farc em seu território.
Depois de criticar não só o processo de paz com a guerrilha anunciado na semana passada pelo seu sucessor, Juan Manuel Santos, como a mediação venezuelana no diálogo, Uribe seguiu ontem com seus ataques - provavelmente visando a atingir Chávez, envolvido numa dura batalha pela reeleição no próximo dia 7 de outubro.
Em entrevista à agência Reuters, Uribe afirmou que o venezuelano lhe dera carta branca para caçar os guerrilheiros da Farc durante a Cúpula das Américas daquele ano.
- A última coisa que ele (Chávez) me disse em Trinidad, em 2009, foi que tirasse Iván Márquez da Venezuela de maneira secreta, como havia tirado Granda - disse ele, referindo-se ao apelido de Ricardo Téllez, outro líder das Farc capturado em dezembro de 2004, em Caracas, por policiais colombianos disfarçados. E com a ajuda dos órgãos de segurança da Venezuela.
Uribe continuou, então, seu ataque, mostrando-se indignado pela disponibilidade de Chávez de permitir a violação da própria soberania.
- Isso me deu uma sensação muito ruim, porque causa muita má impressão que um presidente peça em particular para enganar o seu país - afirmou Uribe, em sua casa de campo perto de Medellín.
"ele tem medo de terroristas"
Aos 60 anos, o ex-presidente que esteve à frente da maior ofensiva militar com as Farc disse que era ideal que Chávez capturasse e entregasse Márquez - cujo verdadeiro nome é Luciano Marín. O guerrilheiro, cujo paradeiro é desconhecido até hoje, tem um pedido de extradição por narcotráfico dos Estados Unidos, que oferecem por ele uma recompensa de cerca de R$ 10 milhões.
- Os cúmplices não são capazes de lutar contra aqueles que foram seus cúmplices - disse o ex-presidente. - Chávez tem medo de grupos terroristas, então o que ele sugeriu foi que, nós, sem que o governo da Venezuela se desse conta, ou pelo menos sem a ajuda do governo da Venezuela, tirássemos Marquez da Venezuela sorrateiramente, como já havia sido feito com Rodrigo Granda.
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