terça-feira, 25 de dezembro de 2012

ONU aprova ação militar para livrar Mali de extremistas vinculados à Al-Qaeda.




O Conselho de Segurança da ONU autorizou nesta quinta-feira uma ação militar para tirar o norte do Mali do controle de extremistas vinculados à rede Al-Qaeda, mas reivindicou que primeiramente haja progresso na reconciliação política, nas eleições e no treinamento de soldados e policiais africanos.

Uma resolução adotada de forma unânime pelo órgão mais poderoso das Nações Unidas argumentou que é necessário existir um plano com duas abordagens, política e militar, para reunificar o país, que está em tumulto desde um golpe de Estado em março .

O Conselho de Segurança autorizou uma força liderada pelo continente africano para apoiar as autoridades do Mali em recuperar o norte – uma área do tamanho do Texas -, mas não estabeleceu nenhum prazo para a ação militar. Em vez disso, impôs tarefas que devem ser cumpridas antes do início das operações ofensivas, começando com o progresso em um cronograma político para restaurar a ordem constitucional.

A resolução também enfatiza que um planejamento militar adicional é necessário antes de a força liderada pelos africanos ser enviada para o norte e pede que o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, “confirme com antecedência a satisfação do conselho com a operação militar ofensiva planejada”.

O chefe das forças de paz da ONU, Herve Ladsous, disse recentemente não esperar que uma operação militar comece antes de setembro ou outubro do próximo ano.

O Mali mergulhou em confusão depois que o golpe de março criou um vácuo de segurança. Isso permitiu que os tuaregues seculares, que por muito tempo se sentiam marginalizados pelo governo do país, transformassem metade do norte como sua terra natal . Mas, meses depois, os rebeldes foram expulsos por grupos islâmicos alinhados à Al-Qaeda, que agora impuseram a rígida lei da sharia (código islâmico) no norte.

Enquanto o conselho passou meses negociando qual ação tomar, o Ansar Dine (Defensores da Fé), grupo islâmico por trás de execuções públicas e amputações no norte do Mali, expandiu seu alcance. Os militantes, cujo território inclui Timbuktu , apedrejaram até a morte um casal acusado de adultério , cortaram as mãos de ladrões e recrutaram crianças com idades de 12 anos. Homens fortemente armados também atacaram bares que vendem álcool e proibiram homens e mulheres de socializarem nas ruas.

Em 13 de novembro, a União Africana pediu que o Conselho de Segurança endossasse uma intervenção militar para libertar o norte do Mali. O plano, acordado pelos líderes da África Ocidental conhecido com Ecowas , pediu que 3,3 mil soldados fossem enviados ao Mali por um período inicial de um ano.

A resolução da ONU autoriza uma Missão de Apoio Internacional Liderada pela África, a ser conhecida como Afisma, por um período inicial de um ano, mas não menciona seu tamanho. Ela dá boas-vindas a contribuições de soldados prometidas pela Ecowas e pede que os Estados-membros, incluindo da região vizinha de Sahel, contribuam com tropas para a missão. Diplomatas do conselho dizem que os soldados africanos mais bem treinados para conflitos no deserto são do Chade, da Mauritânia e do Níger.

FONTE: Associated Press via Portal iG


O fantasma das armas químicas na Síria.

Otan teme cartada final do ditador Assad para se manter no poder ou o acesso de terroristas a arsenal



Aos grandes riscos que o Oriente Médio enfrenta hoje – batalha campal no Egito, conflito entre Israel e palestinos – somou-se outro com consequências potencialmente trágicas: o temor crescente de um ataque químico na Síria. O regime de Bashar al-Assad estaria pronto para utilizar armas químicas como cartada desesperada para sobreviver no poder, segundo a Turquia, os Estados Unidos e a Otan.

No último dia 14, os EUA autorizaram o envio de uma bateria antimísseis e de soldados àfronteira com a Turquia, após a aprovação pela Otan do pedido turco. Foguetes de artilharia sírios já haviam cruzado a fronteira, e Ancara acredita que os mísseis Scud soviéticos, aos quais o regime começou a recorrer, podem aterrissar na Turquia. A mensagem da Otan ao regime foi clara: que não se meta fora de seu território.

- A possível utilização de armas químicas seria totalmente inaceitável para toda a comunidade internacional e, se alguém recorrer a estas terríveis armas, eu espero uma reação imediata da comunidade internacional – disse, em tom de alerta, o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen.

O regime de Assad reagiu dizendo que isso é “pretexto” para uma intervenção estrangeira. Usando ou não essas armas, um elemento é suficiente para alarmar as potências internacionais: a Síria é o primeiro país com armas de destruição em massa a mergulhar numa guerra civil, e esse arsenal pode cair nas mãos de grupos terroristas.

Barril de pólvora
“O país é um barril de pólvora química pronto para explodir”, alertou um relatório de julho do Centro James Martin de Estudos de Não Proliferação do Instituto Monterey de Estudos Internacionais. O instituto cita pelo menos quatro locais de produção dessas armas: al-Safira, Hama, Homs e Latakia, enquanto os depósitos estariam em Khan Abu Shamat (a nordeste de Damasco) e Furqlus (perto de Homs). E está convencido que o arsenal – criado essencialmente contra Israel – é vasto.

- Eles têm gases que foram usados na Primeira Guerra Mundial, como mostarda e cianeto. Também desenvolveram gases nervosos (que atacam o sistema nervoso e provocam morte por asfixia) e também têm o mais moderno e persistente gás nervoso VX – disse Leonard Spector, vice-diretor do Centro James Martin, numa entrevista à rádio “Voice of America”.

E o temor é nas mãos de quem esse arsenal pode cair: al-Qaeda, Hezbollah?
- A Síria tem provavelmente um dos maiores e mais sofisticados programas de armas químicas do mundo – avaliou o presidente da Federação de Cientistas Americanos (FAS, na sigla em inglês), Charles Blair.

Blair lembrou que os insurgentes sírios estão se radicalizando. Ele teme que a revolta acabe nas mãos de jihadistas, e as armas, com terroristas. Blair argumenta que é difícil guardar armas quando um governo desmorona.

- Durante a intervenção americana no Iraque, mais de 330 toneladas de explosivos militares desapareceram da instalação militar de al-Qaqaa. Mais de 200 toneladas do mais poderoso explosivo do Iraque, HMX, usado por alguns Estados para detonar a bomba atômica, estavam lacrados pela Agência Internacional de Energia Atômica. E várias toneladas deste HMX selado desapareceram – relata Blair.

Fora dos tratados
Armas químicas têm uma longa história de tragédias. Começaram a ser usadas na Primeira Guerra Mundial. Um ataque com elas tem consequências imprevisíveis. Em 1995, a seita Verdade Suprema matou 13 pessoas e deixou 5.500 intoxicadas ao usar gás sarin, uma das armas que acredita-se que a Síria possuiria, no metrô de Tóquio.

A maioria dos países prometeu destruir seus estoques com a Convenção de Armas Químicas. E também assinaram tratados que proíbem o uso de armas biológicas. Em 2008, EUA e Rússia declararam ter destruído 40% de seus estoques. Apenas oito países, entre eles Síria e Coreia do Norte, não assinaram o tratado.

O programa de armas químicas do país teria começado nos anos 1970. Ninguém sabe em que pé está, mas especialistas dizem que o país conseguiu produzir o VX. Oficialmente, a Síria não assume que tenha estas armas.

- Não creio que usarão armas químicas. Seria um suicídio, significaria o abandono dos aliados. Os russos não vão aceitar e até os iranianos estão inquietos – opinou Salam Kawakibi, diretor do Arab Reform Initiative, em Paris. – Mas o regime pode ameaçar usá-las para reforçar sua posição numa eventual negociação.


FONTE: O Globo, via resenha do EB
FOTO: Engineering & Technology Magazine

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