Centenas de soldados do governo da Somália e combatentes de milícias aliadas se posicionaram em todo o centro da antiga fortaleza dos rebeldes da Al Shabaab em Kismayu, na última segunda-feira (01), obrigando moradores em pânico a correr para se proteger.
Moradores disseram que não houve retaliação imediata dos militantes ligados à Al Qaeda que fugiram da cidade portuária do sul na sexta-feira, depois que as tropas do Quênia e da Somália lançaram um ataque por ar, mar e terra.
“Nós agora vemos soldados andando na cidade. Nós estamos correndo para as casas e lojas foram fechadas. Temos medo de explosões”, disse o morador Ismail Nur.
Mohamud Farah, um porta-voz do Exército somali nas regiões ao sul de Juba, disse que 450 soldados do governo e combatentes de uma milícia aliada tinham se posicionado no centro da cidade para patrulhar as ruas de areia e as vielas tortuosas.
Outra moradora, Halima Farah, afirmou que Kismayu tinha se transformado em uma cidade-fantasma. Tropas ocuparam o quartel da polícia e o escritório da administração do distrito, disse.
“Eu também posso ver pelas frestas das janelas que alguns deles estão nos telhados perto dessas posições”, disse Farah à Reuters por telefone.
O grupo rebelde Al Shabaab afirmou que, embora tenha recuado da segunda maior cidade da Somália, seus combatentes estavam prontos para enfrentar as tropas aliadas assim que elas entrassem no centro da cidade, ameaçando transformar as ruas em um “campo de batalha”. “Até agora não houve nenhuma resistência”, disse Farah.
O Exército do Quênia usou o Twitter para declarar que suas forças haviam ajudado a tomar o controle do porto e do quartel da polícia.
“(Forças de Defesa Quenianas) estabeleceram zonas de exclusão de fogo em torno dos mercados, escolas, mesquitas e hospitais”, disse o Exército queniano em seu perfil oficial no Twitter.
Um porta-voz militar queniano não estava imediatamente disponível para comentar o assunto.
Moradores disseram que não estava claro se os quenianos estavam no centro da cidade ou ainda acampados nos arredores e estavam divididos sobre se a chegada das forças governamentais na cidade era algo positivo.
Ganhar o controle de Kismayu, no entanto, é a parte mais fácil, enquanto que estabelecer uma administração política respeitada por todos os clãs será muito mais difícil, dizem analistas políticos.
Há preocupações que um vácuo de poder prolongado em Kismayu poderia dar lugar para a violência renovada enquanto grupos rivais lutam pelo controle do porto lucrativo em uma cidade onde a estrita aplicação da lei islâmica dos rebeldes alienou uma parcela enorme da população.
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