O presidente do Irã, Mahmud Ahmadinejad, acusou nesta quarta-feira as potências ocidentais de exercerem uma intimidação nuclear contra seu país, em seu discurso ante a Assembleia Geral das Nações Unidas, um dia depois de os Estados Unidos terem afirmado que não permitirão que Teerã desenvolva uma arma nuclear.
Os delegados americanos e israelenses boicotaram o oitavo e último discurso de Ahmadinejad na ONU, que, apesar de ter um marcado tom filosófico e teológico, não ficou isento de ataques contra aqueles que o dirigente iraniano considera seus inimigos.
“A corrida armamentista e a intimidação pelas armas de destruição em massa por parte dos poderes hegemônicos prevalecem”, afirmou Ahmadinejad, em referência às ameaças de um ataque israelense contra as instalações nucleares de seu país.
“A ameaça persistente dos sionistas incivilizados de recorrer a uma ação militar contra nossa grande nação é um claro exemplo desta amarga realidade”, acrescentou, sem, no entanto, fazer declarações explosivas em relação a Israel.
O Irã enfrenta uma crescente pressão internacional sobre seu programa nuclear, que as potências ocidentais asseguram ter objetivos militares. Teerã, no entanto, nega com veemência essa possibilidade e denuncia um possível ataque de Israel contra suas instalações nucleares.
Na véspera, o presidente americano, Barack Obama, prometeu em seu discurso aos líderes mundiais reunidos na ONU que seu país fará tudo que for necessário para impedir que o Irã se dote de armas nucleares.
Os chanceleres de Estados Unidos, Rússia, China, Grã-Bretanha, França e Alemanha se reunião na quinta-feira, à margem da Assembleia, para tentar relançar o diálogo com Teerã.
A China reiterou nesta quarta sua oposição a adoção de novas sanções contra o Irã.
Durante sua estada em Nova York, Ahmadinejad – que no passado defendeu o fim do Estado de Israel e colocou em dúvida o Holocausto nazista – reduziu suas críticas a Israel, nome que, inclusive, evita pronunciar, referindo-se ao país como “falso regime”.
Os Estados Unidos decidiram boicotar o discurso do líder iraniano devido a esses ataques, segundo Erin Pelton, porta-voz da missão americana na ONU.
Os diplomatas israelenses também abandonaram o plenário, mas os delegados britânicos, franceses e alemães disseram que não fariam mesma coisa porque não acharam as declarações tão polêmicas.
Nos arredores da sede da ONU, manifestantes protestaram contra Ahmadinejad enquanto ele discursava.
Síria também presente nos debates
O outro tema que ocupou os debates desta quarta na 67ª Assembleia Geral foi a guerra civil na Síria que, em 18 meses, deixou mais de 30 mil mortos, segundo os militantes.
O Conselho de Segurança da ONU realizará uma reunião ao final do dia para tratar da Primavera Árabe, e a Síria deverá novamente ser o centro das discussões.
Na véspera, ao inaugurar a Assembleia Geral, o secretário-geral Ban Ki-moon classificou a situação na Síria de “uma calamidade regional com ramificações globais”.
Ban pediu uma ação do Conselho de Segurança para pôr fim à violência.
“É uma ameaça grave e crescente à paz e à segurança internacional, que exige a atenção do Conselho de Segurança”, enfatizou, pedindo que este órgão “apoie de maneira sólida e concreta os esforços” do enviado da ONU e da Liga Árabe à Síria, Lakhdar Brahimi.
O caso sírio está bloqueado no Conselho de Segurança devido à oposição de China e Rússia à aplicação de sanções contra Damasco. Esses países, aliados de Damasco, bloquearam resoluções neste sentido em três ocasiões.
“Devemos deter a violência e o fluxo de armas para os dois lados e por em andamento tão logo seja possível uma transição liderada por sírios”, continuou Ban.
Barack Obama não usou meias palavras em seu discurso para dizer que a solução para a Síria é a saída de Assad do poder.
“O futuro não deve pertencer a um ditador que massacra seu povo”, afirmou Obama, referindo-se ao líder sírio. “Aqui, reunidos, voltamos a declarar que o regime de Bashar Al-Assad deve chegar ao fim para que se detenha o sofrimento do povo sírio”.
Obama fez um apelo à comunidade internacional para que atue para pôr fim à sangrenta guerra civil.
“Este é o caminho pelo qual trabalhamos: sanções e consequências para aqueles que perseguem; assistência e apoio para aqueles que trabalham pelo bem comum”, acrescentou.
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