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Pelo contrato governo a governo assinado com a Coreia do Sul, dezesseis dos treinadores turboélice da KAI serão montados no Peru, com transferência de tecnologia – a Embraer disputava o contrato
-A assinatura do contrato foi feita no Centro Aeronáutico da Força Aérea Peruana (FAP), e contou com a presença do comandante geral da FAP, general do ar Pedro Seabra, do vice-ministro de resursos para a Defesa, Jakke Valakivi, além de representantes do governo e da indústria militar coreana.
O ministro da Defesa do Peru, Pedro Cateriano Bellido, representou o Governo peruano na assinatura. Já a delegação da República da Coreia (Coreia do Sul) foi presidida pelo embaixador do país, Park Hee Kwon. Em quatro anos, o acordo permitirá que o Peru tenha capacidade de fabricar aviões de treinamento, segundo a nota do ministério. O ministro Cateriano destacou que o contrato é um marco para a indústria militar peruana, e que “a Força Aérea poderá adquirir 20 aviões de instrução básica KT-1, projetados pela empresa coreana KAI e com respaldo pelo Governo da Coreia, por 208 milhões e 873 mil dólares.” As aeronaves substituirão os turboélices Tucano que operam há décadas no Peru.
Dezesseis aeronaves serão co-produzidas no Peru e a primeira etapa será realizada nas instalações do “Servicio de Mantenimiento” (SEMAN) da Força Aérea do Peru, na Base Las Palmas. A segunda etapa será realizada na Base Aérea de Pisco. O acordo permitirá, assim, gerar postos de trabalho e desenvolvimento no sul do país. A empresa sul-coreana KAI se comprometeu a investir nos próximos 4 anos na construção de hangares especiais para as aeronaves. Os primeiros KT-1 deverão chegar ao Peru em 22 meses.
Ainda segundo o informe do Ministério da Defesa, o contrato implica também em transferência de tecnologia da Coreia para o Peru, pela capacitação de 18 engenheiros peruanos em instalações coreanas da KAI para a operação e manutenção das aeronaves. Outros 50 engenheiros peruanos receberão instrução para a etapa de produção conjunta. A KAI orientará técnicos peruanos na fabricação de partes e os pilotos do Peru serão treinados em voos. Também será instalado e colocado em funcionamento um simulador de voo. “O valor dessa transferência supera 7 milhões de dólares”, disse o ministro Cateriano.
Contrato repercutiu na imprensa sul-coreana
Reportagem publicada no jornal ‘Korea Joongang Daily’ nesta quarta-feira, 7 de novembro, informou que o Peru concordou em importar 20 treinadores turboélice KT-1. A informação foi repassada ao jornal no dia 6 por fonte da Korea Aerospace Industries (KAI): “Nós assinamos um acordo para exportar ao Peru 20 aeronaves de treinamento KT-1, desenvolvidos pela KAI, na medida em que o Peru está planejando substituir os treinadores de sua Força Aérea.”
O KT-1 é um turboélice monomotor de dois lugares para treinamento de pilotos de caça, com velocidade máxima de 574 km/h e altitude máxima de operaçãode 11.580 metros, sendo o primeiro treinador construído pela Coreia com tecnologia própria, em 1998, segundo o jornal. A reportagem também informa que, dos 20 exemplares, quatro serão fabricados inteiramente na Coreia do Sul e os outros 16 serão montados no Peru pela KAI e pela estatal peruana Seman Peru, do Ministério da Defesa do país.
Ainda segundo o jornal, trata-se da terceira vez que a Coreia do Sul vende seu treinador KT-1 a clientes externos. A primeira venda foi para a Indonésia em 2001, seguida pela Turquia em 2007. Em junho, o predidente Lee Myung-bak encontrou-se com o presidente peruano Ollanta Humala em conferência da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre desenvolvimento sustentável e expressou otimismo sobre a Coreia ser escolhida para o contrato ao invés do Brasil. Em visita do presidente peruano à Coreia em maio, este já havia falado em “progresso significativo” nas negociações.
Park Noh-sun, vice-presidente da KAI, ressaltou que “o mercado latino-americano de treinadores e dominado pelo Brasil e a Suíça. É especialmente significativo que a Coreia tenha ganho o contrato após competir contra a brasileira Embraer S.A., que controla 40% do mercado latino-americano de aviões de passageiro de médio porte.”
Já o presidente da Agência de Promoção de Comércio da Coreia do Sul, Oh Young-ho, afirmou: “No início, nós estávamos atrás do Brasil na disputa. Mas nossos esforços foram efetivos após realizarmos cinco rocadas de discussão entre os líderes dos dois países.” Ele completou que foi possível conquistar o contrato “porque oferecemos a fabricação conjunta dos turboélices no Peru.”
A KAI divulgou em seu site um link para vídeo de telejornal da Coreia do Sul, mostrando imagens do anúncio do contrato. O áudio, obviamente, está em coreano.
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