Reclamar do setor de armamentos russo é, no mínimo, um absurdo. Entretanto, ainda restam velhas queixas contra os fornecedores de armas nacionais.
Em 2012, o volume das exportações de armamentos russos vai superar os 13 bilhões de dólares. Os dados foram apresentados na última semana de setembro pelo vice-diretor do Serviço Federal de Colaboração Técnico-Militar, Konstantin Biriulin, no Salão Aeroespacial “Aviasvit-2012), em Kiev. No ano passado, o volume total da exportação militar russa, segundo dados do Serviço Federal, chegou a 13,2 bilhões de dólares.
Por isso, acredita-se que, neste ano, haverá um recorde na exportação russa de armamentos. “A exportação da produção militar russa no primeiro semestre de 2012 ultrapassou os US$6,5 bilhões. Isso significa 14% mais do que os indicadores do mesmo período do ano passado”, informou a estatal Rostekhnologuia.
Mas quem são os principais compradores? Nos próximos quatro anos, entre todos os países com os quais foram assinados acordos nessa área, Índia, Venezuela e Vietnã serão os líderes na importação de armas russas de acordo com o diretor do Centro de Análise do Comércio Mundial de Armas, Ígor Korotchenko.
De 2008 a 2011, no balanço geral das exportações militares da Rússia, cujo valor foi de 29,8 bilhões de dólares, Índia (US$8,2 bilhões), Argélia (US$4,7 bilhões) e China (US$3,5 bilhões) ficaram nos três primeiros lugares. A participação dos maiores importadores de armas russas no balanço geral neste período foi de 55,47%.
“De 2012 a 2015, o primeiro lugar na estrutura das exportações militares da Rússia de novo será ocupado pela Índia, com um volume de 14,3 bilhões de dólares. O segundo lugar será cedido pela Argélia à Venezuela, com 3,2 bilhões de dólares. No terceiro lugar, ficará o Vietnã, com 3,2 bilhões”, disse Korotchenko, com base em um prognóstico analítico detalhado, preparado pelo Centro de Análise.
Korotchenko explicou que a lista elaborada pelo centro inclui 37 países, com os quais a Rússia tem hoje contratos para fornecimento de armamentos até 2015. No final de agosto, o centro avaliou o volume das exportações militares previstas para o Vietnã em 2,43 bilhões de dólares e incluiu esse país em quarto lugar na classificação de compradores de armas no exterior.
Em termos estratégicos, segundo Korotchenko, de 2012 a 2015, a participação dos três primeiros importadores no balanço geral é de 62,43%. Está previsto para as exportações armamentos nesse período um volume total de 32,5 bilhões de dólares.
Por mais que pareça estranho, a China, levando em conta o crescimento dinâmico desse país em todos os indicadores possíveis, ocupará apenas o quarto lugar na estrutura das exportações militares da Rússia, com 2,8 bilhões de dólares, nos próximos quatro anos; o quinto lugar será da Síria, com US$1,6 bilhões.
Korotchenko confirmou mais uma vez que a Rússia está muito mais orientada do que os EUA para o fornecimento de armamentos a um grupo limitado de países, e essa tendência só vai se fortalecer nos próximos quatro anos.
Ele ressaltou que os EUA, como antes, ocupam o primeiro lugar no mercado mundial de armas e mantém grande distância dos concorrentes. “O Centro de Análise do Mercado Mundial de Armas prevê que o volume das exportações militares norte-americanas comprovadas para 2012 será de 25,5 bilhões de dólares ou 36,54% do volume mundial exportado”, declarou Korotchenko. De acordo com os resultados deste ano, o prognóstico do centro é de que o terceiro lugar será ocupado pela França (US$5,6 bilhões ou 8% das vendas).
No grupo dos cinco primeiros países exportadores de armamentos em 2012, entram também a Alemanha (US$4,6 bilhões e 6,54%) e a Grã-Bretanha (US$3,2 bilhões e 4,64%).
Fica evidente que a Rússia vai ser manter no segundo lugar em volume de exportações no mercado mundial de armamentos. Isso será possível, em especial, em função do aumento da colaboração técnico-militar com o Iraque, que planeja comprar equipamentos militares da Rússia, principalmente aviões e helicópteros, no valor de 5 bilhões de dólares.
O acordo correspondente deve ser assinado durante a visita do premiê iraquiano Nuri al Maliki a Moscou, planejada para este mês. Segundo o Ministério das Relações Exteriores do Iraque, “os contratos militares vão incluir o fornecimento de aviões Sukhoi e Mig e de helicópteros Mi, assim como de outros equipamentos de guerra russos”.
Apesar disso, a Índia continua sendo a orientação prioritária do fornecimento de armamentos russos. A Rússia assinou em 1996, 2000 e 2007, uma série de contratos de desenvolvimento, instalação e fabricação licenciada na Índia de todo o complexo de 230 aviões de caça SU-30MKI (da categoria Flanker C, na classificação da Otan), num valor superior a 8 bilhões de dólares. A Força Aérea da Índia já recebeu mais de 160 caças desse tipo.
Entretanto, justamente com a Índia estão relacionados os maiores fracassos da defesa russa. Temos em vista, principalmente, o sofrido contrato de venda do cruzador porta-aviões “Admiral Gorchkov”, que na Índia recebeu o nome de “Vikramaditia”.
Esperava-se que, finalmente, o navio seria entregue à Marinha da Índia em dezembro de 2012. Mas, em meados de setembro, os representantes da empresa russa Corporação Reunida de Fabricantes de Navios afirmaram que os testes realizados com o porta-aviões “Vikramaditia” revelaram defeitos graves no funcionamento da praça de máquinas. “Há defeitos nas caldeiras, elas não podem ser acionadas com potência máxima”, informou a empresa russa.
Na Corporação Reunida, acredita-se que, de qualquer modo, o navio será entregue à Marinha da Índia. Os prazos, porém, terão um atraso de “no mínimo seis meses” em relação ao planejado, reconhece a empresa.
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