Em Jerusalém, Patriota demonstra preocupação com ameaças de ataque ao Irã, mas é questionado por não ter aderido ao boicote a Ahmadinejad
O chefe de Estado lembrou a viagem de Ahmadinejad ao Brasil em 2009, quando o mandatário foi recebido em Brasília pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na época, Lula ajudou o colega iraniano a fazer um acordo para a entrega de parte do estoque de urânio levemente enriquecido para a Turquia em troca do material enriquecido a 20% para uso médico. Tal visita foi duramente criticada pelo presidente israelense: “Eu disse ao ex-presidente do Brasil e digo hoje que é um erro sentar e conversar com Ahmadinejad, um líder que ameaça destruir um povo, que nega o Holocausto e que financia o terrorismo no mundo”. Em resposta, o chanceler lembrou que estava presente nos encontros e que Lula sempre foi enfático ao dizer que não aceitava a negação do Holocausto — cujo memorial Patriota visitou ontem — e que acreditava em um Oriente Médio livre de armas nucleares.
Procurado pelo Correio, o Itamaraty ressaltou que a posição brasileira em relação ao Irã, por enquanto, não foi modificada. “Somos contrários a qualquer ataque israelense ao Irã e a qualquer tipo de intervenção militar na região”, advertiu a assessoria de imprensa do ministério. Peres, por sua vez, assegura que o projeto atômico iraniano não tem fins pacíficos. “Não devemos ser ingênuos sobre Teerã como os Estados Unidos. A ameaça nuclear iraniana ameaça com uma sombra pesada toda a região”, pontuou o israelense, em clara crítica ao país que é seu maior aliado internacional.
Desde sexta-feira, Patriota está em Israel com a missão de levar a mensagem conciliadora da presidente Dilma Rousseff de que as negociações por meio do diálogo são a única solução para os impasses de Israel no Oriente Médio. Ontem, ele também se reuniu com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, o chanceler Avigdor Lieberman e os ministros de Inteligência e Energia Atômica e de Ciência e Tecnologia, Dan Meridor e Daniel Hershkowitz, respectivamente. O brasileiro conversou ainda sobre temas bilaterais, como o aumento da cooperações nos setores espacial, científico, tecnológico, de defesa e de energias renováveis.
Planos iranianos
Em meio à pressão contra Ahmadinejad, a Guarda Revolucionária do Irã, divisão das Forças Armadas, estaria planejando afundar um petroleiro no Golfo Pérsico a fim de causar um desastre ecológico que impediria a passagem de embarcações pela região. Isso obrigaria as nações ocidentais a fazerem uma operação de limpeza no local e suspenderem as sanções ao país impostas em represália ao programa nuclear. A denúncia do plano, descoberto pelos “serviços de inteligência do Ocidente”, foi feita pela revista alemã Der Spiegel.
Para limpar as águas do Golfo Pérsico, a comunidade internacional precisaria da ajuda do Irã, o que resultaria em um fim temporário do bloqueio econômico. A divulgação da ideia ocorreu na véspera de uma reunião da União Europeia em Luxemburgo, na qual representantes dos 27 países do bloco devem aprovar mais uma série de punições ao Irã.
O projeto, intitulado Água suja, teria sido desenvolvido pelo comandante da guarda, o general Mohamad Ali Jafari, e pelo chefe da força marítima, almirante Ali Fadavi. Segundo a revista, a dupla entregou o plano ao líder supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei, responsável por aprovar a aplicação. A catástrofe ambiental também serviria de punição às nações árabes que apoiam Israel e as potências ocidentais.
Eleições adiantadas
O governo de Israel aprovou ontem a proposta do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, de adiantar as eleições gerais para 22 de janeiro de 2013. Nesta semana, o parlamento unicameral (Knesset) deve confirmar a data da votação. Sem conseguir aprovar o plano de austeridade para o orçamento do próximo ano, Netanyahu preferiu antecipar a votação, prevista para outubro de 2013. O partido do premiê, Likud, lidera as pesquisas de intenção de votos. A expectativa é de que a sigla forme uma coalizão com membros garantindo a ratificação do orçamento.
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