Tropas fiéis ao regime de Assad tentam retomar a cidade dos rebeldes.
Inimigos também travam 'guerra de informações' para conquistar civis.
Em um apartamento no oeste da cidade de Aleppo, onde Exército e rebeldes se enfrentam, um general sírio aponta em seu tablet um mapa no Google Earth que mostra cada um dos quarteirões do bairro de Seif al-Dawla.
Colocados sobre a mesa de café estão alguns walkies talkies tomados de rebeldes, com os quais é possível ouvir suas conversas, juntamente com outros dispositivos de comunicação para contato com os oficiais no terreno.
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"Avança até o bloco, mas não abra fogo à direita, porque enviei outra equipe para cercar este lado e não quero que você os mate", lança o chefe de operações do oeste de Aleppo.
Este general da Guarda Republicana, uma unidade de elite, com aparência tranquila, é responsável por alguns dos bairros mais perigosos da cidade.
"Nós devemos retomar dos terroristas os setores que eles controlam e evitar destruir a cidade e atingir os civis para que se mantenham ao nosso lado. É necessário habilidade", explica este oficial de 53 anos.
Exército sírio durante combate em Saif al-Dawla, distrito de Aleppo, em 25 de agosto (Foto: AFP)
Em outras frentes, como em Homs (centro), o Exército tomou a região com artilharia e com a infantaria.
No entanto, em Aleppo, metrópole do norte, o Exército lançou uma verdadeira guerrilha urbana, onde a batalha é travada em quarteirões, em cada rua, em cada casa. Os tanques e helicópteros estão envolvidos apenas como suporte.
"Estamos divididos em grupos de cerca de 40 homens extremamente móveis, com armas automáticas e foguetes", explica um coronel em Seif al-Dawla.
"Estamos diante de terroristas que usam franco-atiradores e explosivos. Primeiro você tem que expulsá-los dos prédios, desarmar as bombas e verificar se o terreno está limpo."
Desde o início da revolta, em março de 2011, o regime de Bashar al-Assad chama os combatentes rebeldes de "terroristas", apoiados por estrangeiros.
A isso se acrescenta a guerra de informações. Cada lado recorre aos moradores para espionar o lado adversário. Em Sayed Ali, um centro do centro, três pessoas carregam um homem com um saco de lixo na cabeça. Ele "confessa" rapidamente que trabalha para os rebeldes e implora por sua vida.
O Exército enviou no início de agosto para a segunda maior cidade do país as suas unidades de elite: a Guarda Republicana para retomar o lado oeste e as forças especiais, para o centro. Estas tomaram há duas semanas os bairros cristãos de Jdeidé, na cidade velha, e avançaram para a praça Sayed Ali, disputada com os rebeldes.
Os militares procuram sufocar os insurgentes dividindo a cidade e bombardeando as linhas de abastecimento diárias fora da metrópole.
"O vento sopra a favor do Exército" Afável, o general não hesita um segundo em sua vitória. Para ele, o mais difícil passou com a tomada em 9 de agosto de Salaheddine e a conquista no sábado dos arredores de Seif al-Dawla, dois bairros estratégicos.
Garante que só falta conquistar Izaa, ainda nas mãos dos rebeldes, e o bairro de Soukari (oeste). A ofensiva no leste da cidade é para mais tarde. "Os rebeldes não se mexeram e o vento está a favor do Exército com a reconquista de Salaheddine".
Construído caoticamente com pequenas ruas e edifícios de cinco a seis andares, esta área ideal para um combate de rua foi tomada há uma semana pelos militares.
Foi neste bairro que os rebeldes se infiltraram no início. De acordo com um oficial dos serviços de segurança, muitos vieram com suas mulheres e crianças, escondendo armas e tentando fugir dos combates em Idleb (noroeste). "Pelo amor de Deus, deixamos eles entrar sem nem mesmo registrar".
A outra explicação é a traição do general Mohamad Maflah, chefe dos serviços secretos militares de Aleppo. "Ele deu-lhes as chaves da cidade", diz o oficial. O general desertor, que passou há duas semanas para a ofensiva rebelde, parece ter morrido antes de atravessar a fronteira turca.
Para o contexto geral, a explicação é ainda mais simples: "Nós deixamos eles entrarem porque é mais fácil tê-los em um mesmo lugar do que correr atrás deles em toda parte".
"Eram pelo menos 7.000, matamos 2.000. Há sírios vindos do norte e de Aleppo, mas muitos são estrangeiros: Chechenos, turcos, afegãos, líbios e tunisianos", explica ele, mostrando documentos de identidade de turcos.
Este general, que se define como laico, denuncia a "cegueira" da França e de outros países ocidentais que apoiam, segundo ele, os movimentos islâmicos na região. "Por acaso não entendem que somos os únicos a frear a onda islâmica a engolir a Europa?".
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