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Patrulhas deverão ser feitas em conjunto com a Suécia e a Noruega, mas só os noruegueses pertencem à OTAN, que é responsável pela defesa do espaço aéreo da Islândia – assunto gera controvérsia entre suecos, finlandeses e até islandeses
-Nos últimos dias, uma série de matérias publicadas pela Yle (empresa pública de rádio e televisão da Finlândia) informa que jatos da Força Aérea Finlandesa deverão participar de patrulhas do espaço aéreo da Islândia, em conjunto com a Suécia. A decisão foi anunciada pelo Primeiro-Ministro finlandês Jyrki Katainen na terça-feira, 30 de outubro, durante encontro do Conselho Nórdico em Helsinki.
Katainen afirmou, na ocasião: “Nós decidimos que seria natural para Suécia e a Finlândia se juntarem à tarefa de vigilância realizada pela Noruega entre janeiro e abril de 2014.” A decisão será confirmada ou não pelo parlamento assim que todos os detalhes da missão estejam claros. A Suécia também anuncou, na terça-feira, juntar-se às patrulhas do próximo ano. A participação sueca e finlandesa nas patrulhas terá que ser aprovada pelo Conselho do Atlântico Norte, já que os dois países não pertencem à OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte).
No Parlamento Finlandês, esquerda e sociais democratas apoiam a decisão com cautela, mas opositores reclamam de aproximação do país com a OTAN
Houve reações partidárias diversas, na Finlândia, sobre essa decisão de se juntar às patrulhas do espaço aéreo islandês. O Comitê do Gabinete para assuntos de política de segurança e política externa decidiu favoravelmente, na semana anterior, à participação finlandesa, mas não há consenso no parlamento. Grupos parlamentares da Aliança de Esquerda e dos Sociais Democratas mantêm-se cautelosos quanto à decisão, ao passo que partidos de oposição são contrários.
A oposição critica o fato de recursos cada vez menores da Força Aérea Finlandesa serem usados para a patrulha do espaço aéreo da Islândia, que é membro da OTAN. Também tem se colocado contra a cooperação sueco-finlandesa, pois isso apenas serviria para a OTAN economizar dinheiro com outros países de fora da Aliança pagando para fazer as missões de sua responsabilidade. Esses exercícios também estariam em desacordo com a legislação nacional de defesa. Se fosse apenas um exercício militar conjunto, seria assunto para simplesmente o Ministro da Defesa Carl Haglund aprovar, mas caso a missão se mostre algo maior, haveria a necessidade de uma emenda à legislação, permitindo a patrulha do espaço aéreo de outro país. E a oposição é contra esse tipo de emenda.
Porém, o Ministério das Relações Exteriores Erkki Tuomioja insiste que essa operação não vai aproximar a Finlândia da OTAN, e que os militares finlandeses consideram que essa patrulha aérea da Islândia será um exercício útil. Ele relembrou aos céticos que o assunto será submetido ao parlamento, de qualquer forma, e que não significa uma grande mudança em política externa e nem se sobrepõe à participação finlandesa em patrulhas do espaço aéreo de países bálticos.
No início do ano, aeronaves finlandesas realizaram exercícios conjuntos no espaço aéreo da Estônia, apesar de não serem missões de vigilância, e o parlamento não foi informado disso. Para o chefe do comitê parlamentar de defesa da Finlândia, Jussi Niinistö, é tempo de parar de falar em cooperação Nórdica, pois na prática a decisão coloca a Finlândia mais próxima da OTAN.
Já na Suécia e na própria Islândia, a oposição é por parte dos partidos de esquerda
O ministro das Relações Exteriores da Suécia Carl Bildt, em encontro com suas contrapartes nórdicas, afirmou que as patrulhas conjuntas na Islândia têm amplo apoio político sueco, apesar das divergências existentes nos países. O encontro de quarta-feira, 31 de outubro, discutiu o assunto. Segundo Bildt, “apenas o Partido de Esquerda se opõe, o que é de significância praticamente marginal na política sueca. Mas, tirando isso, prevalece um amplo consenso.”
As objeções mais surpreendentes vieram da própria Islândia, segundo matéria da Yle. O ministro das Indústrias e da Inovação do país, Steingrimur Sigfursson, que é membro do partido da Esquerda Verde, estava no encontro substituindo o ministro das Relações Exteriores. Ele afirmou que seu partido, na verdade, se opõe até mesmo à Islândia ser membro da OTAN. Para Sigfursson, não há necessidade urgente desse tipo de missão.
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