sexta-feira, 21 de setembro de 2012

SUKHOI SU-24M FENCER D. Uma espada russa na cabeça da OTAN.

                    

DESCRIÇÃO

O período da guerra fria foi um momento bastante fértil para o desenvolvimento de aeronaves de combate nos blocos que se opunham. A União Soviética, na década de 60, precisava de um caça bombardeiro que fosse sofisticado e capaz de ataques de penetração bem dentro do território inimigo. Naquela época, estavam sendo adaptados para esta missão, aeronaves originalmente projetadas para combate aéreo como o Sukhoi Su-7 Fitter, tendo, porém, apresentando limitações decorrentes de seu tamanho, relativamente pequeno para comportar os sistemas e armamentos que o comando da força aérea queria que o avião tivesse.
Desta forma, a Sukhoi começou a estudar alguns conceitos para conseguir desenvolver um novo caça bombardeiro pesado que atendesse as necessidades expostas pelo comando da força aérea soviética para esta missão.
O protótipo, apresentado em 1965, batizado de T-6, trouxe um modelo que aproveitava algumas soluções aerodinâmicas do interceptador Sukhoi Su-15 Flagon, como as asas em configuração delta. Inicialmente, havia um objetivo de que este novo caça bombardeiro fosse capaz de decolagens curtas e pouso vertical, e por isso foi construído um segundo protótipo que tinha 4 motores de sustentação vertical. Logo se percebeu, porém, que o uso destes motores verticais traziam um grande sacrifício da autonomia e apresentavam instabilidade no momento do pouso levando ao abandono da idéia de fazer uma aeronave com a capacidade STOL.
Seguindo o desenvolvimento do avião, em 1968 decidiram estudar a possibilidade de integrar uma asa de enflechamento variável no modelo. O resultado foi o protótipo T-6-2. Os testes, que foram realizados entre 1971 e 1974, revelaram um avião que atendia a todos os requisitos impostos pelo comando da força aérea soviética. Nasceu, assim, o caça bombardeiro Su-24 Fencer A.

                      

O Su-24 entrou em serviço em 1974, sendo, naquela época, o mais avançado avião de combate soviético, graças a seus sofisticados sistemas de navegação que lhe permitiam voar em qualquer condição climática, de dia ou de noite e em baixa altitude, seguindo o terreno e dificultando sua detecção pelos radares de defesa aérea inimiga (lê-se OTAN).
Depois de tantos anos, o Su-24 passou por atualizações para suprir as novas necessidades do fim do século XX e início do século XXI, levando ao desenvolvimento do modelo Su-24M Fencer D, a versão em uso atualmente.

                     

Esta versão e as que se seguiram, receberam um sistema de navegação com o GLONASS (equivalente russo para o GPS norte americano), novo painel de controle com displays multifunção para facilitar a leitura dos dados de navegação e missão, capacidade de operar com mísseis ar ar de 4º geração R-73 Archer, através da integração do HMS (Helmet Monted Sight ou mira montada no capacete), sistema, este, que permite que o piloto mire o alvo com o movimento da cabeça para designar alvos para os mísseis. Esta ultima capacidade permite a o Su-24 abater aeronaves que tentem interceptar ele, diminuindo a necessidade de escolta aérea nas missões de ataque.
O Su-24M usa um radar Orion-A integrado a um sistema de navegação e designação de alvos PNS-24M (versão atualizada do sistema usado nos primeiros Fencer), que é, o verdadeiro responsável pela capacidade qualquer tempo do Fencer dando a ele controle de vôo automático ou semi-automático a baixíssimas altitudes no vôo de penetração. Além deste sistema, o Fencer usa um sistema a laser de designação de alvos Kyara 24M composto por um apontador laser e câmeras na parte frontal, abaixo da fuselagem.
Outro ponto que não foi esquecido no projeto foi o sistema de contramedidas eletrônicas, item importantíssimo para melhorar as chances de sobrevivência do Fencer em sua arriscada missão de ataque de penetração. Afinal, se espera que o Fencer, em caso de guerra, seja um dos primeiros sistemas de armas a entrar na “zona quente” do campo de batalha. Além de um sistema de jammer ativo SPS-161 Gheran-F, foram instalados lançadores APP-50 de chaffs e flares para despistamento de mísseis inimigos guiados por radar e calor, respectivamente.

                         

O Su-24 é propulsado por dois turbojatos Saturn/Lyulka AL-21F-3 A que fornecem 11250 Kg de empuxo com o pós-combustor ligado. Com isso, o Fencer acelera a uma velocidade máxima de 2230 km/h em alta altitude e 1400 km/h voando baixo, o que o coloca como um dos mais rápidos aviões de combate em vôo rasante (perde apenas para o Panavia Tornado IDS). Sua autonomia é relativamente curta podendo chegar a 2850 km. O raio de combate só com o combustível interno é de apenas 560 km, e com dois tanques externos, 1250 km. Porém o Fencer conta com uma sonda de reabastecimento em vôo, para poder “esticar” as distancias que ele pode atacar.

                         

O Fencer transporta até 8000 kg de uma grande variedade de armamentos ar superfície do arsenal russo. Ele dispõe de 8 pontos fixos de transporte de cargas externas que podem ser carregadas com mísseis Kh-23 guiado por comando de rádio e com alcance de 10 km. Este míssil é adequado contra alvos fixos e reforçados. O míssil Kh-25ML, guiado a laser, capaz de penetrar 1 metro de concreto e com alcance de 11 km. Para missões anti-radar, o Fencer pode usar o antigo míssil Kh-28, o mais moderno Kh-58 e o Kh-31P. Os mísseis ar superfície de médio alcance Kh-29 e Kh-59, assim como as bombas guiadas a laser KAB –500 KR e KAB-500L. Armas “burras” como lançadores de foguetes e bombas de queda livre também podem ser usadas pelo Fencer.
Para auto defesa, o Fencer pode ser armado com mísseis ar ar de curto alcance R-60 ou o R-73 Archer, e internamente, foi instalado um canhão GSh-6-23 com 6 canos rotativos em calibre 23 mm capaz de disparar 10000 tiros por minuto. Este canhão é alimentado por um tambor com 500 cartuchos.


Acima: Neste desenho das partes internas do Fencer, podemos ver, também, a variedade do arsenal que ele é capaz de transportar. Sem duvida este avião representou, na época da guerra fria, uma dor de cabeça para os estrategistas da Otan.

Hoje a força aérea russa conta com 321 Su-24 Fencer (considerando todas as versões), enquanto que a marinha opera 94 aeronaves do modelo. Atualmente o Su-24M está em processo de ser substituído e lentamente o seu sucessor, o poderoso caça bombardeiro pesado Su-34 Fullback (já descrito neste blog) toma seu lugar nas linhas de frente da força aérea russa. Mesmo assim, ainda deve demorar alguns anos até o Fencer deixar o serviço operacional.
Além da Rússia, mais 9 nações usam o Su-24, sendo elas Iran, Bielorussia, Kazaquistão, Ucrânia, Síria, Uzbequistão, Argélia e Angola.


Acima: Um Su-24MK Fencer D da força aérea iraniana. Estes aviões eram da força aérea iraquiana que fugiram nos primeiros dias da guerra do golfo. O irã incorporou os modelos a sua aviação de combate e existe indicações de que mais unidades acabaram sendo adquiridas posteriormente da Russia.

 

FICHA TÉCNICA
Velocidade de cruzeiro: 950 km/h (mach 0,80).
Velocidade máxima: 2230 km/h (mach 2).
Razão de subida: 9000 m/min.
Peso/Potência: 0,67
Fator de carga: 6 Gs
Taxa de giro: 11 º/s (estimado)
Razão de rolamento: 200º/s (estimado)
Raio de ação/ alcance: 1250 km/ 2850 km (com combustível externo)
Radar: Orion-A
Empuxo: 2 turbojatos Saturn/ Lyulka AL-21F-3 com 11250 kg de empuxo máximo.
DIMENSÕES
Comprimento: 22,53 m
Envergadura: 17,64 m (asas abertas), 10,37 m (asas enflechadas)
Altura: 6,19 m
Peso: 22300 kg (vazio).
ARMAMENTO
Ar Ar: Míssil R-73 Archer, R-60 Aphid
Ar Terra: Míssil Kh-59, missil Kh-31, missil Kh-29, Kh-28, Kh-58, Kh-25ML, Bombas guiadas Kab (todas as versões), Bombas convencionais FAB (todas as versões) Foguetes não guiados de diversos calibres. 8000 kg de carga máxima.
Interno: Canhão GSh-23 de 23 mm.

Acima: O Fencer, quando usando seus tanques externos de 3000 litros cada, sob as asas e um único tanque de 2000 litros no cabide central sob a fuselagem, consegue um raio de combate de 1250 km.




Fonte e Dedicação Autoral: Campo de Batalha Aéreo 


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