Dispostos a ampliar a cooperação no setor de defesa, os ministros da Defesa do Brasil, Celso Amorim, e da Suécia, Karin Enström, tiveram reunião bilateral nesta quarta-feira, em Brasília. Durante o encontro, realizado na sede do Ministério da Defesa, os representantes das duas nações conversaram sobre as possibilidades de desenvolvimento de projetos e de ações conjuntas na área militar.
Ao abrir a reunião, o ministro Amorim destacou a importância de a Suécia ser um país neutro e, a exemplo do Brasil, não fazer parte de alianças militares de defesa coletiva, além de defender internacionalmente princípios como democracia, desenvolvimento e promoção da paz.
Em seguida, Amorim fez breves considerações sobre o ambiente estratégico brasileiro. “Brasil é um país que tem múltiplas maneiras de se inserir no cenário internacional”, disse. E completou: “Nossas relações com os países da América do Sul, América Latina e Caribe são as melhores. Temos também interesse estratégico no Atlântico Sul”.
O ministro falou ainda sobre a importância da participação do Brasil em blocos estratégicos como IBAS (Índia, Brasil e África do Sul) e BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Ele também mencionou a ampla relação brasileira com outras nações, citando como exemplos França, Grã Bretanha, Alemanha, Estados Unidos e Canadá. Amorim ressaltou, no entanto, a importância de o Brasil estabelecer aliança com países como a Suécia, que compartilham visão semelhante sobre o mundo.
Ato contínuo, a ministra sueca recordou que os dois países mantém relações que já duram décadas. Enström explicou que, ao longo do tempo, indústrias da Suécia se instalaram no Brasil e passaram a produzir no território nacional visando os mercados interno e externo. “Somos um país pequeno, mas temos algo em comum. Por isso espero que essa reunião seja o início de um novo entendimento na área de defesa”, afirmou a ministra.
Karin Enströn contou que, nos últimos anos, seu país vem desenvolvendo uma política de segurança e de defesa focada em manter a cooperação com os países com os quais estabelece parcerias. “Queremos fazer parte não de uma aliança militar, mas de um sistema em que prevaleça a cooperação mútua”, explicou.
Ciência sem fronteiras
Na reunião bilateral, a ministra relatou a importância da defesa cibernética na atualidade. Segundo ela, na Suécia o setor tem enorme importância nos mais diversos segmentos da economia e do dia a dia da população. Tal fato tem levado o governo sueco a trabalhar em cooperação com outras nações para o desenvolvimento de mecanismos que protejam, por exemplo, o ciberespaço.
Os dois ministros trataram também da formação de cidadãos, com ênfase no “Ciência Sem Fronteiras”, programa que busca promover a consolidação, expansão e internacionalização da ciência e tecnologia, da inovação e da competitividade brasileira por meio do intercâmbio e da mobilidade internacional. De acordo com a ministra, o governo sueco está disposto a ofertar 2,5 mil vagas em instituições de ensino seu país.
Na última parte do encontro, Karin Enströn tratou da modernização dos caças brasileiros no âmbito do programa FX-2, da Força Aérea. A empresa sueca Saab é uma das concorrentes com o caça Gripen NG. O ministro Amorim explicou que o tema ainda é objeto de análise pela presidenta Dilma Rousseff.
Ele não mencionou o prazo para a tomada de decisão, mas disse esperar que o desfecho da concorrência internacional ocorra em breve. Segundo o ministro, a crise financeira mundial dos últimos anos foi um dos principais motivos que levaram o governo brasileiro a não tomar a decisão até o momento.
Ao término da reunião, Amorim sugeriu que Karin Enströn, em oportunidade futura, retorne ao Brasil para conhecer organizações militares instaladas, por exemplo, em São Paulo e Rio de Janeiro. Já a ministra sueca, manifestou interesse em receber o colega brasileiro em Estocolmo.
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