sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Sanções anti-iranianas aproximam a guerra.

                                

Segundo a imprensa norte-americana, as autoridades dos EUA e de Israel acabam de aproximar ao máximo suas posições quanto a uma operação militar contra o Irã. Algumas fontes informam sobre a possibilidade de um "golpe cirúrgico" a infligir contra as instalações nucleares iranianas ainda antes das presidenciais nos EUA marcadas para o dia 6 de novembro.



O Presidente Barack Obama aprovou, há dias, um novo pacote de sanções em relação ao Irã. Estas últimas serão introduzidas contra as companhias que continuarem a cooperar com as empresas iranianas dos setores petroquímico, de urânio, de combustíveis e de gás. Entretanto, as sanções decretadas antes, provocaram o agravamento da situação econômica e humanitária naquele país árabe. Tal é um balanço feito em relatório recente do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.

As sanções tiveram uma repercussão negativa em todas as camadas da população do Irã, tendo causado a alta inflacionária, a subida impetuosa dos preços de matérias-primas e de eletricidade, bem como as carências generalizadas de artigos da primeira necessidade, incluindo os medicamentos, constata a mesma fonte. Lembre-se que o Irã continua sujeito às sanções aplicadas pelo CS da ONU, assim como às medidas unilaterais de pressão econômica por parte dos EUA e da UE, incluindo a proibição imposta às importações de petróleo iraniano para a Europa. Supõe-se que o conjunto destas medidas drásticas seja capaz de forçar o Irã a estreitar a cooperação coma AIEA e comprovar um caráter pacífico de seu programa nuclear.

Desde a semana passada, os países comunitários têm discutido a possibilidade de alargar as sanções vigentes, embora os participantes das conversações sobre esta temática se pronunciem contra as medidas que afetariam mais a população do que o governo iraniano. É verdade que a vida dos iranianos, tendendo a piorar, se torna cada vez mais complicada, o que causou já o descontentamento da população. Enquanto isso, não se vislumbra no horizonte próximo qualquer tendência positiva de melhoria da situação humanitária. Mais do que isso, os observadores têm apontado para a sua deterioração à luz da decisão da UE de suspender a importação de gás iraniano a partir de 15 de outubro do corrente.

Perante este triste cenário, o Presidente Ahmadinejad pode ceder à pressão e resignar-se. Mas em comparação com os que lhe sucederem nesse cargo, parecerá um anjo, afirma a dirigente da Secção do Irã do Instituto de Orientalismo, Nina Mamedova.

"As agitações sociais no Irã podem levar a mudanças do sistema político inesperadas para o Ocidente. O mais provável é que as eventuais desordens possam fazer com que ao poder cheguem certas forças não ligadas ao movimento democrático, hostis ao desenvolvimento de relações com o Ocidente e vinculadas com o Exército e da Guarda Revolucionaria Iraniana. Tanto mais que os militares têm vindo a ganhar o prestigio e novas posições não só na esfera econômica, mas também na política. Se isto acontecer, as relações do Irã com a comunidade mundial no tocante à problemática nuclear poderão vir a ser mais tensas."

Então, a opção perante a qual os EUA e seus aliados procuram hoje colocar o regime iraniano é mais do que dúbia. As medidas demasiadamente veementes irão unir os iranianos em torno de Ahmadinejad. Por isso, às sanções decretadas não se juntaram todos os membros da comunidade internacional. Em primeiro lugar, o envolvimento nesta linha política vem contrariando os interesses econômicos e estratégicos da China. Em segundo lugar, para a Índia, o Irã é o 2º exportador de hidrocarbonetos. Em terceiro lugar, entre os compradores do petróleo iraniano figura a Coreia do Norte que, em termos gerais, encara Teerã como um correligionário seu na luta contra "a influência nociva do Ocidente". Por fim, nem todas as empresas petrolíferas europeias suspenderam, na realidade, seus contactos com seus parceiros iranianos.

Deste modo, pode-se constatar que, por um lado, as sanções estão longe de ser eficientes para poderem encerrar um perigo direto ao regime. Por outro lado, seu número é suficiente para fazer piorar a vida cotidiana dos habitantes do país. Claro que seus sentimentos e a reação negativa a tudo que se passa serão distribuídos em igual medida pelas autoridades locais e o Ocidente. Ao que tudo indica, os líderes religiosos, aiatolás, farão os possíveis para que o Ocidente vire um alvo de uma parte de leão do ódio popular.

Bem ou mal, o objetivo desta campanha de pressão sobre o Irã – a renúncia definitiva ao componente militar do programa nuclear – não será alcançado. Mais muito pelo contrário, a pressão fará aumentar ânimos hostis em relação Ocidente. O que igualmente fará aumentar a hipótese de um conflito regional com eventual emprego de armas de extermínio em massa. E quanto mais rígida for a posição do Ocidente, tanto menor será uma chance de reconciliação. Quando os atiradores duelistas apontam armas, as escusas tardias se qualificam como a falta de coragem e não um gesto de boa vontade conducente à paz. Era preciso ter medo e mais cautela antes do duelo, dizem nessa ocasião os padrinhos.

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