domingo, 14 de outubro de 2012

PM turco critica CS por inércia.

Ministro das Relações Exteriores da Turquia disse que o país retaliará em caso de violação da fronteira




O primeiro-ministro turco, Tayyip Erdogan, criticou o Conselho de Segurança da ONU neste sábado por sua inércia sobre a Síria, dizendo que o órgão estava repetindo os erros que levaram aos massacres na Bósnia na década de 1990.

As forças do presidente Bashar al-Assad usaram ataques aéreos e artilharia para bombardear os insurgentes em diversas frentes na Síria, enquanto o conflito, que já dura 19 meses, corre cada vez mais o risco de envolver potências regionais.

A Turquia está cada vez mais envolvida, depois de interceptar um avião sírio que levava o que disseram ser munição de fabricação russa para o exército sírio, enfurecendo Moscou e Damasco.

Esse acontecimento conduziu a pedidos de intervenção, incluindo a imposição de zonas de exclusão aérea, fiscalizadas por aeronaves estrangeiras, para impedir ataques aéreos mortais, das tropas de Assad.



Mas há pouca chance de se obter o apoio da ONU para uma ação mais robusta. A China insiste que qualquer solução para a crise da Síria precisa vir de dentro do país, enquanto a Rússia diz que muitos sírios continuam apoiando Assad.

As nações ocidentais estão relutantes em se comprometer com uma ação militar que possa dar início a uma guerra sectária regional.

“O Conselho de Segurança da ONU não interveio na tragédia humana que está ocorrendo na Síria há 20 meses, apesar dos nossos esforços”, disse Erdogan durante uma conferência em Istambul, da qual participam diversos líderes e autoridades, incluindo o secretário geral da Liga Árabe, general Nabil Elaraby.

“Há uma atitude que encoraja e dá a Assad o sinal verde para que ele mate dezenas ou centenas de pessoas a cada dia”, completou.

Combates têm sido relatados em todo o país, mas as batalhes cruciais e estratégicas estão acontecendo na região que atravessa o oeste da Síria, onde vive a maioria da população.

O ministro das Relações Exteriores da Turquia, Ahmed Davutoglu, se reuniu com o enviado especial da ONU, Lakhdar Brahimi, o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Guido Westerwelle, e com o primeiro-ministro da Líbia durante a guerra civil, Mahmoud Jibril, para discutir a situação da Síria, durante a conferência de Istambul.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse nesta semana que Brahimi pretende visitar a Síria em breve para tentar convencer Assad de um cessar-fogo imediato.

LEMBRANÇAS DE SREBRENICA

O Conselho de Segurança da ONU, dividido entre as potências ocidentais de um lado e a Rússia e a China do outro, tem se mostrado impotente para interromper um conflito que se transformou em uma guerra civil e já matou mais de 30 mil pessoas.

Erdogan disse que um sistema que permitia que um ou dois países impedisse uma intervenção em tamanha crise humanitária era inerentemente injusto, e que a Síria pode entrar para a história como um fracasso da ONU, assim como foi a Bósnia, na década de 1990.

“Como é triste que a ONU esteja tão impotente quanto foi 20 anos atrás, quando assistiu ao massacre de centenas de milhares de pessoas nos Bálcãs, Bósnia e Srebrenica”, disse Erdogan durante a conferência de Istambul.

O massacre de julho de 1995 em Srebrenica foi o pior em solo europeu desde a Segunda Guerra Mundial, quando os soldados holandeses da missão de paz da ONU abandonaram o que havia sido designado pelas Nações Unidas como um refúgio seguro contra as forças sérvias da Bósnia que avançavam, e que em seguida mataram 8 mil homens e meninos muçulmanos e enterraram seus corpos em valas.

As autoridades turcas disseram ter esperança de conseguir convencer Moscou, que vendeu 1 bilhão de dólares em armamento para a Síria no ano passado, a diminuir sua oposição ao Conselho de Segurança, e que, se isso acontecer, a China poderá seguir o exemplo.

Mas as relações entre Ancara e Moscou pioraram ainda mais na quarta-feira, depois que a Turquia obrigou um avião de passageiros vindo de Moscou a pousar e acusou a Rússia publicamente de transportar material bélico para as forças de Assad.

A Rússia disse que não havia armas no avião e que estava carregando uma carga legal de equipamento de radar.

FONTE: Reuters

Um comentário:

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